Capítulo 24 - A linhagem familiar do autor


O filho mais velho do Luigi Erminio Zavarise e da Maria Dassiè foi o meu bisavô Agostino Antonio Zavarise, que se casou em Jaciguá com a minha bisavó Antonina Fuser, em 1922.

Dos 8 filhos que tiveram esse casal, um deles foi o meu avô materno, Tranquilo Zavarise.
(Tranquilo Zavarise, neto do Luigi Erminio e da Maria Dassiè)
Desde que nasceu em 01 de junho de 1929, no distrito de São José de Fruteiras, o vovô Tranquilo já trazia consigo uma inquietude que contradizia o seu nome de batismo, relativamente comum no nordeste da Itália (Tranquillo, pronunciado pelos venetos como /tranquio/).

Apesar do seu pouco estudo e da sua origem muito humilde, era bilíngue em português e na língua vêneta. Tocava acordeon, era um habilidoso artesão e particularmente interessado pela criação e funcionamento das máquinas.

Com uma vocação nata para o trabalho, juntamente com os seus pais e os sete irmãos, deixou as lavouras de café do sul do estado em 1950, poucos dias depois do seu casamento com a minha avó Deonilda Vannini, migrando para o município de Nova Venécia, incentivados pelas políticas de abertura e povoamento do norte do estado.

O nome do município de Nova Venécia presta tributo à cidade de Veneza, chamada de Venezia /venétsia/ em italiano, mas pronunciado /venéssia/ na língua vêneta, grafado em português com a letra C, preservando a pronúncia do povo que o fundou em 1953, desmembrando-o de São Mateus.

(A casa construída por meu bisavô Agostino Antônio e os filhos nas terras de Nova Venécia-ES, onde nasceram a minha mãe e o meus tios)
Em Nova Venécia nasceram-lhes sete filhos: Wantuil, Inêz, Helena, Zelinda, Odete, Neuza e Amarildo.

Desiludido com a baixa fertilidade das terras venecianas e o pouco lucro do café ali cultivado, ouve falar animadoramente da pujança econômica do recém emancipado município de Itamaraju, no extremo sul da Bahia, zona cacaueira de mata atlântica.

Convencido pelo seu tio Antônio e os primos Geraldo e José, que usavam um caminhão Reo para transporte de mercadorias entre Nanuque-MG e o sul da Bahia, de que aquela jovem cidade seria o lugar ideal para a abertura de uma serraria por conta da abundância de madeiras de lei, vende o seu pequeno lote de terra para os seus irmãos e se muda, em 1963, com toda a família, trazendo consigo o seu irmão Agostino e família.

Em Itamaraju, o meu avô protagonizou algumas das primeiras inovações tecnológicas vistas ali: um maquinário de beneficiamento de arroz, a primeira serraria, a primeira casa com iluminação elétrica gerada pelo motor da sua serraria além de um moinho de milho, pelo qual tinha muito apreço pois acreditava que ficaria rico vendendo fubá para os baianos que, conforme imaginava, deviam também comer polenta três vezes ao dia.

E assim foram calorosamente recebidos pelos baianos. Até hoje ainda ouvimos com carinho os relatos dos mais antigos residentes de Itamaraju acerca do barulho que se ouvia das máquinas da serraria, da sua forte convicção católica e assiduidade às missas dominicais, do seu forte sotaque italiano, da beleza dos seus filhos e filhas, dos seus hábitos culinários que não incluíam nem farinha de mandioca e nem pimenta, o que atraía as donas de casa da cidade que queriam ver como se cozinhava a tal polenta.

Em Itamaraju, o meu avô teve mais cinco filhos: Pedrinho, Vanildo, Jorginho e Edielmo.

(Os filhos de Tranquilo Zavarise e Deonilda Vannini em Itamaraju-BA)
Em 1978, os irmãos Tranquilo e Agostino e as suas respectivas famílias deixam a Bahia para novamente desbravarem outras terras bem mais longínquas, e se mudam para o sul do Maranhão.

Em Imperatriz - MA, o meu avô Tranquilo vem a falecer em 2007, aos 78 anos, deixando muita saudade no coração de todos, sempre lembrado pelas suas divertidíssimas histórias, as suas aventuras e desventuras na vida e os hábitos bastante peculiares da personalidade marcante.

Covivi pouco com o meu avô, lamentavelmente. Mas nas poucas vezes em que estivemos juntos, recebi algumas lições introdutórias da língua vêneta, bem como a sua pronúncia e sotaque, que mais tarde me ajudariam imensamente na integração e assimilação ao povo vêneto.

A minha amada avó Deonilda Vannini faleceu em maio de 2012, aos 82 anos, em Itinga - MA. Em 2020 tive o grato prazer de também conhecer mais acerca da sua história familiar, visitando o distrito de Sant´Alberto di Ravenna, na região litorânea da Romagna, o sítio de origem dos seus avós Pasquale Vannini e Maria Baccarini.

O meu querido tio-avô Agostino voltou a morar em Nova Venécia em 2010. Viúvo, casado pela segunda vez e acompanhado do casal de filhos mais jovens, veio a falecer em 2021, junto aos seus familiares. A ele devo um considerável aumento do meu conhecimento da língua vêneta, chamada por eles de "el talián", que falava com bastante fluência.

Capítulo 23 - Dedicatória do autor do blog

Mi, ancora un ceo
- Mãinha, eu sou descendente de que? - eu, com uns 7 anos de idade.
- De italianos, meu filho. Por quê? 
- A minha professora perguntou por que meu sobrenome era diferente dos meus colegas. A senhora fala italiano?
- Só me lembro de umas poucas palavras usadas na cozinha: piròn,  cortèo, cuciaro, buro, formai . . .

Lembro-me deste diálogo como se fosse agora: a minha mãe dirigindo, levando-nos a casa num fim de tarde em Itamaraju.

Desde aquele dia não parei de acumular informações sobre este sobrenome tão diferente dos meus conterrâneos. Desde que aprendi a ler, soletrá-lo tornou-se parte de minha rotina (Z de zebra, A de água, V de Vera, A de água, R de rua, I de igreja, S de sapato, E de elefante), e explicar a sua origem e o porquê do meu fenótipo ser diferente  da maioria dos baianos. 

Nascer e crescer num lugar com uma cultura tão forte como a Bahia e trazer consigo as marcas das tribos do Vêneto e da Romagna é ser predestinado à diversidade. É como ter dois rios correndo dentro de si, às vezes em paralelo, outras vezes misturando as suas águas, e em outras correndo em sentidos opostos. É como ser ambidestro.

Dedico este "livro" virtual a quem me ensinou tudo: o amor a Deus e ao Seu Filho, o valor do trabalho incansável, do estudo, da palavra proferida, da boa comida, da amizade carinhosa dos mais velhos, da alegria de se ver e de se ter uma família reunida e unida, apesar da dor. Ensinou-me o prazer de se morar bem, a sacralidade que é a própria casa, a poesia que há em "Meu pé de laranja lima", o primeiro livro que leu. Aprendi que o anjo da guarda não acompanha a criança que se levanta da cama e não a arruma, que automedicação às vezes funciona melhor do que muitos médicos, que um objeto velho e usado pode ser útil novamente se for bem  guardado, que música só presta se for bem executada e tiver boa letra, que os livros têm perfume. Com ela, aprendi tudo que precisava para voar pelo mundo.

Ficar-me-á selada para sempre a lição de que é possível atravessar a dor e a decepção sem se perder o valor, o brio e a honra. De que a lágrima é solitária e privada, mas o sorriso pertence ao público. E de que medos, desafios e dificuldades não significam absolutamente nada para quem traz no sangue a coragem milenar de um sonho migrante. 

Par mea mare, ła pi bèła tòsa che ghe zera in sità.



 Inêz (Agnese - em italiano)

Capítulo 22 - Descendentes do Giuseppe, a segunda família - Fotos




Capítulo 21 - Descendentes do Luigi Erminio, a primeira família - Fotos

Bisnetos

Trineta
Trineto


Trineto
Bisneta

Trineta
Trineto

Trineto
Trineta
Trineta

Capítulo 20 - Uma viagem a Cornuda em 1997


Era o ano de 1995 quando comecei a ter acesso à internet e a reunir informações e documentos sobre os meus antepassados. O objetivo inicial era requerer a minha cidadania italiana junto ao Consulado, como o fiz em 2002. 

Entre uma pesquisa e outra consegui entrar em contato com alguns Zavarise em Cornuda, tentando usar de bastante cautela para não lhes ser inconveniente e inoportuno pois sabia de outros brasileiros que haviam feito o mesmo mas não foram bem recebidos na Itália. 

Em 1997 fui pela primeira vez à Itália e pude conhecer todo o Veneto, as suas capitais de Províncias e, claro, não poderia deixar de ir até a pequena Cornuda, no interior de Treviso, parte das colinas do Prosecco, hoje Patrimônico da UNESCO. 

Até hoje, quando visito os meus arquivos afetivos, gosto de passear pelas minhas memórias em busca daquela primeira impressão. Emoções que uma filmadora (em VHS, na época) nunca conseguirá transmitir: pegar o trem em Padova, fazer baldeação em Montebelluna, descer na estação de Cornuda e deixar que o trem siga a sua jornada final até Levada e Calalzo antes de retornar.

Andar por Cornuda, sentir a sua brisa no rosto, contemplar aquela arquitetura centenária, a suas colinas, encontrar a velha casa Zavarise, mirar cada rosto nas ruas e ver meus traços contidos ali naquele povo. . . a sensação de ser igual, comum, apenas mais um . . . fez-me como uma árvore sugando a seiva do primeiro chão, uma gota d´água regressada à sua fonte, um feto que volta ao ventre da sua mãe. 

Então aos 22 anos de idade, era eu o primeiro descendente de Luigi Erminio Zavarise a pisar o seu solo natal 117 anos após a sua partida. Era um êxodo às avessas. 

Como desejei naquela hora que ele fosse ainda vivo e saudável para que tivéssemos juntos o prazer de ver aquela linda cidadezinha de onde partira aos 2 anos, nos braços da sua mãe Irene. Na minha mente sonhadora, eu fantasiava a sua voz dizendo aos locais: "Mi son fiol di Zavarise Agostino Zavarise. Son anca di Trevis, son Cornudese! Mi piase magnar polenta con formai, i crostoi." 

Agradeço aos parentes queridos que me receberam com tanto carinho: Giorgio, Guido, Livio, Fernanda, o lendário Rigo, patrimônio folclórico de Cornuda, e também Enzo e Ivano.


(Filmagens de minha viagem a Cornuda em 1997 e visita a alguns Zavarise locais)

Que privilégio quando, entre 2017 e 2021, pude viver no Veneto e frequentar e regressar tantas vezes à minha pequena e tão linda Cornuda. 


Capítulo 19 - 1892: A segunda família Zavarise no ES

Passaporte da família de Giuseppe Zavarise


Capítulo 18 - A língua falada pelos Zavarise e pelos vênetos

(Dialeto Veneto rústico, chamado de Talian, preservado em cidades do ES)

Chegados ao ES para trabalhar em colônias e rodeados de outros conterrâneos, os primeiros Zavarise pouco ou nada aprenderam da língua portuguesa ao longo da vida e assim transmitiram aos filhos e netos o velho dialeto do interior do Veneto, ao qual chamavam de "el talián".

Ainda hoje alguns dos netos dos primeiros Zavarise falam este "talian". Um verdadeiro fóssil linguístico preservado nas terras capixabas, mas já bastante influenciado pelo português. 

O talian é a segunda língua mais falada no Brasil, depois do português e foi oficialmente reconhecida pelo Governo Federal como uma das línguas minoritárias do Brasil em 2014. Muito comum nos estados do ES, RS, SC e PR. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina ela é declarada oficialmente como Patrimônio Cultural.

Este antigo dialeto veneto rústico não é mais falado da mesma forma em Cornuda e vizinhança há mais de 50 anos. Ainda se fala o dialeto veneto por lá, mas este sofreu alterações ao longo do tempo e se modernizou por influência da urbanização, do avanço nas comunicações e da alfabetização em massa na língua italiana clássica (o língua toscana de Florença/Firenze). 
Exemplos da influência do português no Talian 
Palavra no Talian
Palavra no veneto original
Palavra no Italiano padrão
Palavra em Português
Bolo
Torta
Torta, dolce
Bolo
Caro, auto
Macchina, auto
Macchina, auto
Carro
Coraçon
Cor, core
Cuore
Coração
Galignero
Punaro ou punèr
Pollaio
Galinheiro
Garafa
Botiglia
Bottiglia
Garrafa
Inton, alora
Alora
Allora
Então
Praia
Spiaia
Spiaggia
Praia
Sapatero, scarpèr
Caleghèr ou scaporlin
Calzolaio
Sapateiro
Sià, scià
Chá
Simarón, Scimarón
-
-
Chimarrão
Sorasco, chorasco
-
-
Churrasco
Verón
Istá
Estate
Verão
Como non!
Certo! Certamente! Sicuramente!
Certo! Certamente! Sicuramente!
Como não!


(Uma filha de trevisanos, em Venda Nova do Imigrante - ES, falando talian)

A língua veneta é uma língua das milhares de línguas e dialetos neolatinos falado por cerca de 5 milhões de pessoas. Ainda que geralmente referido como sendo um dialeto italiano, ele mostra notáveis diferenças estruturais do italiano clássico, o chamado tosco-italiano. 

Em 28 de março de 2007, o Conselho Regional do Vêneto oficialmente reconheceu a existência da língua veneta (Łéngoa Vèneta). 

O veneto descende do latim vulgar, possivelmente influenciado pelo substrato venético (língua falada no Veneto no séc VI a.c., já extinta) e pelas línguas dos bárbaros germânicos (visigodos, ostrogodos, hunos e lombardos) que invadiram o norte da Itália no século V. Os mais antigos textos que podem ser reconhecidos como veneto datam do século XIII.

Como língua literária, o veneto foi ofuscado pela língua toscana de Dante Alighieri. Após o fim da República Sereníssima de Veneza (1797), o dialeto veneto gradualmente parou de ser usado com finalidades administrativas; e quando a Itália foi unificada no século XIX, a língua toscana foi imposta como língua nacional da Itália. Atualmente, na prática, todos os seus falantes são bilíngues, e usam os seus dialetos locais apenas em contextos informais. 

Por outro lado, esta língua e os seus inúmeros dialetos espalharam-se pelo mundo com a forte emigração dos seus falantes entre 1870 e 1905. Esses migrantes criaram grandes comunidades na Argentina, Brasil, México e Romênia, onde a língua ainda é falada até os dias de hoje. Migrações internas sob o regime fascista também enviaram muitos dos seus falantes para outras regiões da Itália. 

Hoje há um grande esforço no Veneto para o resgate e a manutenção desta língua e dos seus vários dialetos, que estão a morrer junto com os seus falantes mais idosos, uma vez que poucos jovens ainda querem usá-lo. Após o Fascismo, foi plantada na mente dos italianos a ideia de que falar as línguas locais e regionais era algo feio, de menor valor, vergonhoso e coisa de quem tenha pouca instrução. A imposição da língua italiana causa assim um genocídio de línguas milenares, filhas da antiga Roma.
(Veneto falado em Treviso hoje)

VênetoPortuguêsItalianoOrigem da palavra vêneta
bèvar, trincàrbeberberebibere (latim), trinken (alemão)
bècapicantepicante?
bisatoenguiaanguilla?
butàrarremessargettarebautan (gótico)
cantónesquinaangolo?
caréga, tróncadeirasediacathedraticum, thronus (latim) com origem no (grego)
casgàr, croar xòcaircaderede cadere (latim) transformado em verbo
coquando (em orações não interrogativas)quandocum (latim)
copàrmataruccidereoccupare? (latim)
doxe (doge)dogeducedux (latim)
fiólfilhofigliofilius, filiolus (latim)
gòtocopo de bebidabicchiere?
insìasaídauscitain + exita (latim)
magnàrcomermangiaremanducare (latim)
mammamãemadremater (latim)
mieuiome (latim)
morsegàrmordermorderede morsus de mordere (latim) transformado em verbo
mostacibigodesbaffi?
munìngatogattotalvez do som do "miado" do gato
musasnoasino?
nòtoła, barbastrìo, signàpołamorcegopipistrello?
òcioolho, cuidado!occhioocculus (latim)
oxèłopássarouccelloavicellus (latim)
pantegànratoratto?
piróngarfoforchettapiro? (grego)
plàstegaplásticoplasticaplastikos (grego)
pomo/pónmaçãmelapomus (latim)
réciaorelhaorecchioauriculum (latim)
sghiràtesquiloscoiattolo?
sgnapebebida alcoólicaliquoreschnapps (alemão)
supiar, fis-ciarassobiarfischiaresub + flare (latim)
tiòr su, ciaparlevantar, erguerprendere, chiapparetollere, captulare? (latim)
uncuò, 'ncòhojeoggihunc + hodie (latim)
vacavacamuccavaca (latim)
vardarolharguardarewarten (gótico)
(Fonte: Wikipedia)


Mapa das línguas e dialetos falados na Itália de hoje.

Capítulo 17 - A diáspora de Fruteiras - filhos e netos de Luigi Erminio

Conforme lemos no Capítulo 16, do casal Luigi Erminio Zavarise e Maria Luigia Dassie nasceram 9 filhos.

Estes nove filhos constituíram famílias com outras famílias italianas no ES e partiram de São José de Fruteiras para outros municípios capixabas, sobretudo no norte do estado, e até para outros estados do Brasil. Uma verdadeira diáspora semelhante àquela da grande casa Zavarise, em Cornuda, contada nos Capítulos 08, 09 e 10.

A diáspora foi tamanha, que hoje em Fruteiras, até onde conseguimos localizar, só resta um neto dos primeiros italianos: Leonídio José, filho de Hermínio Zavarise. Este sim, já com muitos netos e bisnetos. 

Dos filhos de Luigi e Maria, a saber:

1) Agostino Antônio Zavarise - 

Nascido no distrito de Matilde (Alfredo Chaves), em 07 de maio de 1900, casou-se com Antonina Fuser (filha dos também venetos Pasquale Fuser e Salute Callegari) em 04 de dezembro de 1922, no distrito de Jaciguá. 
Em São José de Fruteiras nasceram-lhes os filhos: Antônio, Domingos, Maurílio, Florentino, Tranquilo, José, Ana Maria e Agostino. 
Migraram todos para Nova Venécia em Janeiro de 1950. 
Faleceu em 24/01/1978, viúvo de Antonina Fuser desde 13/08/1962. 

2) Antonio Zavarise -


Casou-se com Maria Bergamin, também de origem veneta. 
Tiveram 6 filhos: Germano, José, Geraldo, Antenor, Eugênia (Generosa) e Euzília.  

Germano Zavarise
Antonio Zavarise, Maria Bergamin e filhos

3) Hermínio Zavarise -

Casou-se com Pimica Salaroli e tiveram 3 filhos: Leonídio José, Aderaldo Arlindo e Berenice. 
Leonídio e família são os únicos Zavarise que ainda vivem em S.J. de Fruteiras e foi quem herdou a terra  dos pais. 
Aderaldo mudou-se jovem para o Rio de Janeiro e lá se casou com Darcymar de Castro Vianna, com quem teve 3 filhos: Isabel Cristina, Marcos Vinícius e Marco Aurélio.

4) Ernesto Zavarise - 

Casou-se em Vargem Alta - ES, com Yolanda Bravin e tiveram 7 filhos: 
Elírio, Zeraldino,  Albino, Waldir, Diva, Cecília e José Ricardo


5) Adélia Zavarise - 

6) Theresa Zavarise - 

7) Irene Zavarise - 

Casou-se com Aristides Bassini (neto dos italianos Ernesto Bassini Filho e Maria Bravin) e tiveram os filhos: Ailton, Pedro, Sebastião e Antônio José.

8) Rosa Zavarise - 

9) Santina Zavarise - 

*Pedimos aos descendentes destes 9 filhos de Luigi Erminio Zavarise e Maria Luigia Dassie que nos enviem o máximo de informações possíveis sobre os mesmos, bem como fotografias existentes dos filhos do casal, a fim de completarmos o enredo. 

Email: zavarisecapixabas@gmail.com

Capítulo 16 - Luigi Erminio Zavarise - o primeiro patriarca

Em 18 de abril de 1877 nasce em Cornuda, Treviso, Luigi Erminio Zavarise. O mais novo e único filho homem de Agostino di Bortolo Zavarise e Irene Moretto.

Luigi Erminio chega ao Brasil com apenas 2 anos de idade e cresce num povoado chamado Iracema, próximo ao distrito de Matilde, no município de Alfredo Chaves - ES. 


Ainda neste lugar, Luigi Erminio casa-se com Maria Luigia Dassiè, em 11 de fevereiro de 1889, no distrito de Matilde. Ambos aos 21 anos de idade.

Maria Luigia Dassiè vinha também de Treviso, e era filha de Giovanni Dassiè e Maria Teresa Zecchella. No Arquivo Público do ES, consta que a sua mãe chamava-se Maria Teresa Perin, diferentemente do que dizem os documentos nos cartórios e também a tradição da família. Maria Luigia Dassiè tinha apenas um irmão mais velho, Bortolo Dassiè, que chegara ao Brasil aos 7 anos de idade.

Tanto Luigi Erminio quanto Maria Luigia partiram do porto de Genova em Dezembro de 1879, no navio Hohenzollern, aos 2 anos de idade, desembarcaram no Rio de Janeiro, e chegaram ao porto de Anchieta - ES no dia 17 de janeiro de 1880, à bordo de um navio menor, chamado Presidente. 

Eram conterrâneos, tinham a mesma idade, imigraram ambos nos braços dos pais. Cresceram juntos e se casaram na mesma colônia, em terras capixabas.

- Os filhos capixabas; a primeira geração de brasileiros - 

Um ano após o casamento de Luigi Erminio e Maria Luigia, nascia-lhes o primeiro filho do casal: Agostino Antonio Zavarise (em 07 de maio de 1900), no povoado de Iracema. 

Nos anos seguintes nasceriam-lhes os demais, totalizando 9 filhos: Antonio, Hermínio, Ernesto, Adélia, Theresa, Irene, Rosa e Santina.

Cachoeira de Iracema, no distrito de Matilde, município de Alfredo Chaves-ES. Primeira residência dos Zavarise no ES.
- De Iracema para Jaciguá (chamada Virgínia até 1910) -

Em algum momento entre 1900 e 1922, toda a família Zavarise muda-se para para o distrito de Jaciguá, que na época pertencia a Cachoeiro do Itapemirim (hoje pertencente ao emancipado município de Vargem Alta).

Em Jaciguá, uma das suas filhas (não se sabe se Anna ou Agata) casa-se com o viúvo Giovanni Altoé.

Também em Jaciguá, alguns dos filhos de Luigi Erminio e Maria Luigia Dassie casam-se com filhas e filhos de outras família italianas, sobretudo venetas. 
Jaciguá (antiga Virgínia), em 1910. Já havia a estação ferroviária.
Jaciguá hoje, distrito de Vargem Alta-ES.
- A fundação de São José de Fruteiras - 

O pequeno povoado de São José do rio Fruteiras nasce da bravura de alguns italianos que haviam imigrado ainda crianças para o ES. Entre estes estavam Luigi Erminio Zavarise, a sua esposa Maria Luigia Dassiè, e os seus 9 filhos, saídos de Jaciguá para uma propriedade à beira do Córrego Capivara, no atual distrito de S. José de Fruteiras.

- A morte dos italianos - 

Maria Luigia Dassiè, falece primeiramente: em 24 de maio de 1945, aos 68 anos.

Luigi Erminio Zavarise falece em 02 de novembro de 1948, aos 71 anos.

Ambos estão enterrados no cemitério do distrito de São José de Fruteiras, município de Vargem Alta.

Os italianos, de Treviso (Veneto), LUIGI ERMINIO ZAVARISE e esposa MARIA LUIGIA DASSIÈ.

Capítulo 15 - Os 3 filhos italianos de Agostino e Irene

Como citado no Capítulo 14, o casal Agostino di Bortolo Zavarise e Irene Moretto chega ao Espírito Santo em 17 de Janeiro de 1880 trazendo os seus 3 filhos, todos em nascidos em Cornuda - Treviso. Eram eles:

- Agata (Moretto) Zavarise - então com 12 anos;

- Anna (Moretto) Zavarise - com 7 anos; e 

- Luigi Erminio (Moretto) Zavarise - com 2 anos - nascido em 18 de abril de 1877, às 13:05. 

Certidão de nascimento de LUIGI ERMINIO ZAVARISE, único filho de Agostino Zavarise e Irene Moretto.
- As filhas - 

Até a presente data, não conseguimos rastrear o destino correto das filhas do casal.  Boa parte devido ao costume, preservado no ES, de não se dar o sobrenome materno aos filhos. E também ao fato das esposas acompanharem as famílias dos maridos após o matrimônio.

Mas um fato curioso dá-se com uma dessas irmãs: 

Um jovem chamado Giovanni Altoè, nascido em Cordignano - Treviso, chega ao ES aos 16 anos juntamente com os seus pais Angelo Altoè e Giovanna Covre. Essa família imigra no mesmo navio que os Zavarise e os Dassiè, e chegam juntos ao mesmo destino, na mesma data (17/01/1880). 

Giovanni Altoè casa-se, em 1886, no distrito de Matilde, município de Alfredo  Chaves, com a sua conterrânea Mariana Zanette, com quem teve 12 filhos. 

Acontece que, 19 dias após o nascimento do último filho do casal (André), Mariana Zanette vem a falecer, deixando Giovanni Altoè viúvo com os seus 12 filhos.

7 meses depois da morte de D. Mariana, Giovanni casa-se pela segunda vez com uma chamada "Maria" Zavarise (como consta nos documentos dos cartórios), em 24 de agosto de 1906, no distrito de Jaciguá (então pertencente a Cachoeiro do Itapemirim). Giovanni e "Maria" têm ainda mais dois filhos: Hermíno e Eurico.

Essa "Maria" Zavarise era filha do Agostino Zavarise e da Irene Moretto. O seu falecimento deu-se no distrito de Jaciguá, no dia 03 de outubro de 1949.

Não descobrimos ainda se a "Maria" Zavarise era na verdade a filha Agata ou a Anna. 

Se a "Maria" foi na verdade a Agata, casou-se aos 38 anos e ainda teve 2 filhos. 

Mas se a referida "Maria" (conforme os cartórios) era na verdade a Anna, esta casou-se com Giovanni Altoè aos 33 anos de idade e teve os 2 filhos.

- A continuação do sobrenome Zavarise -

Como se sabe, somente os filhos homens dariam continuidade aos sobrenomes paternos.

No caso da família de Agostino e Irene, o único filho, Luigi Erminio, é quem deu então seguimento à transmissão do sobrenome Zavarise aos seus descendentes. 

Assim, LUIGI ERMINO ZAVARISE é o primeiro patriarca italiano dos Zavarise capixabas, e brasileiros. 

Luigi Erminio casa-se com Maria Luigia Dassie, em Matilde (ES).


(Luigi Erminio Zavarise e Maria Luigia Dassie)

Em 1892 chegaria às montanhas do Espírito Santo, a segunda família Zavarise, também originária de Cornuda.

Capítulo 14 - 1880: A primeira família Zavarise no ES

AGOSTINO ZAVARISE e IRENE MORETTO


Ambos nascidos e casados no município (Comune) de Cornuda, província de Treviso, no Reino Lombardo-Veneto, nordeste da península itálica, ainda sob o domínio do Império Áustro-Húngaro.

Em Cornuda nasceram-lhes também os seus três  filhos, já italianos, uma vez que a região tornou-se parte do Reino da Itália em 1866.

Em Dezembro de 1879 parte do porto de Genova a primeira família Zavarise com destino ao estado do Espírito Santo, Brasil:

- Agostino di Bortolo Zavarise, com 45 anos; a sua esposa:

- Irene Moretto, com 35 anos; e os seus três filhos:

- Agata, aos 12 anos;
- Anna, aos 7 anos; e
- Luigi Erminio, aos 2 anos.

No porto de Genova tomam o navio à vapor Hohenzollern, fabricado na Alemanha em 1867, rumo ao Brasil, deixando tudo e todos para trás, numa viagem paga pelo governo brasileiro. Havia, ao todo, 1.317 italianos neste navio.

Hohenzollern, navio à vapor usado em 1879 pela La Veloce, companhia de imigração contratada pelo governo brasileiro para trazer imigrantes italianos.

Cruzaram o Atlântico numa viagem que durava cerca de 25 dias e chegaram ao Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil, em 12 de Janeiro de 1880. Durante a viagem morreram 14 pessoas à bordo. Há registros no porto do Rio de Janeiro de que os imigrantes reclamaram terem sido muito mal tratados durante a viagem.

Do porto do Rio de Janeiro tomam um outro navio pequeno, chamado Presidente, rumo ao Espírito Santo.

Cinco dias depois, em 17 de Janeiro de 1880, estava a família no porto do Rio Benevente, atual cidade de Anchieta.

Sobem o Rio Benevente acima. O destino: o pequeno povoado de Iracema, distrito de Matilde, município de Alfredo Chaves, no Núcleo Colonial Castello. Este núcleo colonial era o sexto, criado em 1879 pelo governo provincial.

As serras capixabas da região de Alfredo Chaves e Vargem Alta. Destino da família de Agostino Zavarise, em 1880.

Estação Ferroviária do distrito de Matilde, município de Alfredo Chaves. Por onde chegariam as famílias italianas.

Estação Ferroviária do distrito de Matilde, município de Alfredo Chaves. Por onde chegariam as famílias italianas.