Capítulo 02 - O Vêneto e a crise do séc. XIX


(Hino da República de Veneza cantado em língua veneta)

Região do nordeste da Itália com 18.391 km² de superfície e 4,9 milhões de habitantes, sendo a quinta região mais povoada do país. A capital desta região é a famosa cidade lagunar de Veneza.
A região do Vêneto foi habitada desde a pré-história. A partir do século I a.C., fez parte do Império Romano. Depois da queda do Império Romano, foi invadida por diversos povos bárbaros (godos, hérulos, hunos e lombardos). Entre o século VI e século VIII, ocorreu uma divisão sempre mais nítida entre o interior do Vêneto, dominado pelos bárbaros lombardos, e a Veneza lagunar, dominada pelo Império Bizantino. A partir do século VIII, o território lagunar adquiriu uma crescente independência do Império Bizantino. E no século VIII originou-se a cidade de Veneza, sede do duque bizantino de Civitas Nova, em "Rivoalto" (atual Rialto).


Expandindo seu domínio aos territórios circundantes, em torno de 1400 constituiu um Estado,"a Sereníssima República de Veneza", compreendendo parte da atual região da Lombardia, da Ístria, da Dalmácia, e vários territórios no ultramar.

Depois da queda do Império Bizantino sob os turcos otomanos, mas sobretudo devido à descoberta da América, começou para Veneza um longo período de decadência. Ao fim do século XVIII, a Sereníssima República foi invadida por Napoleão Bonaparte e cedida à Áustria. A república foi dividida em muitas partes pela Áustria, partes estas que se tornaram províncias do Império Austríaco. 

A parte correspondente à atual região do Vêneto permanece assim por cerca de 60 anos, como parte do Reino Lombardo-Vêneto, sob o domínio do Império Austríaco.

Em seguida à guerra Austro-Prussiana de 1866, a Áustria teve que ceder o Vêneto a Napoleão III, que o cedeu ao Reino da Itália após um plebiscito fraudulento e manipulado politicamente.  Assim, a partir de 1867 o Vêneto perde sua autonomia e liberdade e passa a fazer parte da Itália do Rei Vittorio Emanuele di Savoia, primeiro rei da Itália.

O domínio italiano não foi bom para o Vêneto: cobrava mais impostos do que a Áustria, os serviços públicos eram inferiores, e a burocracia italiana bem menos eficiente que a burocracia austríaca. Por fim, Veneza perde o mercado da Europa Central. Isso desencadeia uma grave econômica que obriga muitos vênetos a emigrarem em massa para Argentina, Brasil e Uruguai. Essas grandes ondas migratórias de vênetos duraria até a I Guerra Mundial.

Houve também fluxos migratórios vênetos depois da I e II Guerra Mundiais para diversos lugares do mundo. Calcula-se que existam no mundo cerca de 9 milhões de oriundos do Vêneto.

Ainda hoje há movimentos separatistas que clamam pela independência do Vêneto, sobretudo após a crise econômica europeia de 2008.

E foi neste contexto de crise econômica a partir de 1866 que as duas famílias Zavarise, agora italianas, partem do pequeno município de Cornuda, Província de Treviso, rumo ao estado do Espírito Santo, no Brasil. A primeira família (de Agostino Zavarise, Irene Moretto e 3 filhos) chegando em 1880, e a segunda (de Giuseppe Zavarise, Catarina Deon e 5 filhos), em 1892.

Nota-se que tanto Agostino quanto Giuseppe Zavarise e suas respectivas esposas nasceram todos austríacos e se tornaram italianos a partir de Outubro de 1866, sendo seus filhos já italianos.